terça-feira, 11 de setembro de 2012

Entrevista com deficiente físico

Texto de apresentação -
Nome - Marcelo Almeida Costa
Idade - 33 anos / 23 de Março de 1979
Ocupação / Profissão - Empresário
Estado civil - Casado
Acidente - Sofreu no ano de 2011
Bacharel em... - Publicidade
"Hobby" - Jogar videogame
Filhos - Ainda não tem nenhum

Entrevista -

Quais são os principais dificuldades enfrentadas pelos deficientes físicos?
O preconceito dos cidadãos, falta de acessibilidade em transportes públicos e a falta de rampas em calçadas.

Qual foi a atitude de preconceito mais bizarra que você já sofreu?
Foi quando eu entrei em um restaurante, aí do nada, o gerente foi lá e disse - Você não pode ficar aqui, você não é gente! Eu fiquei transtornado e processei o gerente e o restaurante.

O que aconteceu para você se tornar um deficiente físico?
Eu fui atropelado por um motorista embriagado que passou no sinal vermelho à mais de 90 km por hora.

O que você aprendeu sendo deficiente físico?
Aprendi sobre as dificuldades de acessibilidade e preconceito que eles enfrentam.

O que te ajuda a aceitar a sua deficiência?
Eu tenho muita fé que eu irei voltar à andar. Deus me faz acreditar nessa possibilidade.

Uma pessoa que te ajuda muito a superar esse trauma.
Toda a minha família e é claro, DEUS!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Artigo de opinião

Achamos que essa foi uma experiência muito boa para melhorar a nossa opinião sobre deficientes (físicos e mentais) bullying e preconceito. E vamos sempre tentar mudar a opinião de quem acha que esse assunto é besteira e que não importa nada para a nossa sociedade.

Biografia da autora(Giselda Laporta Nicolelis)

Giselda Laporta Nicolelis nasceu em São Paulo, SP, em 27 de outubro de 1938, no bairro da Liberdade. Formou-se em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Casper Líbero. Publicou sua primeira história em 1972 e o primeiro livro em 1974, ambos pela Editora do Escritor, São Paulo. Foi então que descobriu seu verdadeiro caminho: a Literatura Infantil e Juvenil, crianças e adolescentes.Hoje sua obra abrange 100 títulos, entre livros infantis e juvenis, ficção, poesia e ensaio, publicados por trinta editoras, com centenas de edições, e cerca de 4 a 5 milhões de exemplares vendidos. Exerceu também o jornalismo, em publicação dirigida ao público infantil e juvenil, e trabalhou como coordenadora editorial, em duas coleções juvenis. Sócia (fundadora) do Celiju - Centro de Estudos de Literatura Infantil e Juvenil, cujo acervo se encontra atualmente na USP. Da UBE (União Brasileira de Escritores), do Sindicato de Escritores do Estado de São Paulo e da Clearing House for Women Authors of America, USA.

Video com música de deficientes


Resumo do livro "Sempre haverá um amanhã"


No livro "Sempre haverá um amanhã", a autora narra a história de uma menina chamada "Mahara" (nome que em hebraico significa "amanhã").
        A garota nasce, aparentemente normal. Seu pai, o narrador em primeira pessoa, no texto, conta o dia da vinda dela ao mundo. Alva, rosada, loira, olhos azuis; apesar de sua aparência ensebada, do prendedor no umbigo, de parecer a cria de uma ursa, na hora em que a enfermeira lhe dá banho, a Mahara já dá mostras que vai ser muito linda. E assim acontece.
        O parto acontece de forma normal. O rompimento da bolsa, a ida ao hospital, a pressa, a calma da mãe, o desespero do pai.
        Um fato inesperadamente chama a atenção do leitor. A menina nasce, mas não chora imediatamente. O professor, assistindo à gênese da filha, demonstra uma leve preocupação, mas que se perde ou deixa de existir ante à intensidade do relato que continua. Por sinal, o bebê não apresenta indícios de icterícia ou qualquer outro problema. Isto deixa o pai muito satisfeito. Ele inclusive faz uma observação: "Nunca fui tão feliz como agora".
        O narrador começa a pensar em como conheceu sua esposa Samanta (a mãe de Mahara). A sua futura esposa era bonita, suave, e tinha os mesmos cabelos loiros e olhos azuis da menina que viria a nascer como sua terceira filha. André e Tiago eram homens, e haviam vindo ao mundo com intervalos de cinco anos. Irmãos de Mahara, nunca foram mimados por Samanta. Ela pensava não poder proteger excessivamente os filhos, ou guardá-los das naturais dificuldades da vida. O pai pensava diferente. Sendo mais emotivo (ou menos racional) dedicava-se inteiramente aos filhos.
        Agora, o homem pensava em como a conheceu há quinze anos. Amor à primeira vista. O único, porém, é que ela não era tão frágil e ele tão forte, a ponto de poder se estabelecer uma relação como se ela fosse uma princesa necessitada de proteção e ele um príncipe oferecendo-lhe seus braços viris como refúgio.
        Na verdade, a mulher era forte, independente e pouco expressiva em termos de sentimentos. O narrador a chama de madona rígida, olhos/reflexos de punhais afiados.
        Chega a hora de buscar Samanta e Mahara no hospital. Em casa, acontece um clima de festa. Tina, a empregada tomou todas as providências para que a chegada das duas seja a mais bem sucedida possível. O bebê, naturalmente, alheio a tudo, dorme.
        Daniel, o pai, quer abraçar, dar colo, cuidar do nenê. A mãe, cautelosa, tenta coibir exageros. O homem começa a pensar se a mulher gostaria de dar amor à filha em doses homeopáticas. Estabelece-se um fio conflituoso que vai permear todo o livro. No final, ele será resolvido com ambas as partes adaptando-se à maneira de ser do outro. Ambos perdem, ambos ganham. A paz prevalece.
        Logo após a vinda do hospital, vem a fase das visitas, presentes para o bebê. A época de provas na faculdade impede que o pai, professor, fique muito em casa, mas ele logo percebe a mansidão da garota. Chora pouco, dorme muito.
        A visita ao pediatra revela que a criança é saudável (e bonita). O pai a acha ainda fofa e gostosa. Ele ainda começa a perceber, dentro das circunstâncias, algumas características de Samanta, que começam a aparecer mais fortemente. Não é meiga, não é gentil; bonita sim, porém sólida como uma rocha. Ele a vê agora com uma faceta quase desconhecida, mas muito visível a todos. Ela é de alma pouco sensível. Daniel espera que sua filha seja o oposto dela, mais vibrátil (talvez, como as cordas de um violino).
        O pai começa também a ter a impressão de algo estar errado. A menina é bem diferente dos outros filhos,muito quieta e parada. A pediatra o acalma, dizendo que cada criança tem um desenvolvimento próprio, rápido ou lento, conforme for o caso. O pai não consegue ver assim. Sua preocupação começa a tomar formas mais definidas. Mabel, sua sogra, acha tudo normal, Sara, sua mãe tem opinião contrária. Samanta a esposa não quer nem ouvir falar em mudar de especialista, para investigar um possível distúrbio em Mahara.
        Uma amiga vem visitar a família. Por coincidência, seu bebê nasceu na mesma época da filha de Samanta e Daniel. Percebe-se, então, mais claramente que o desenvolvimento do menino Bruno é superior ao da menininha. A família fica convencida a procurar ajuda médica.
        A Dra. Lúcia tem um consultório onde mães ansiosas com filhos "diferentes" procuram uma ajuda "especial". Ela tem um rosto bondoso e compreensivo. Pede exames variados: de sangue, eletros, tomografias. Os procedimentos são seguidos à risca. O diagnóstico depois da anamnese e exame do histórico de vida é claro: nada de anormal organicamente.
        Pensa – se então na possibilidade de ela ter uma doença degenerativa, e sua idade mental estar atrasada em relação à cronológica. Médica e pais não conseguem chegar a um parecer além desta especulação.
        Já em casa, mãe e pai têm uma discussão. Daniel quer que a criança freqüente uma escola regular. Quer que a mãe, como ele, chore, lastime, questione. Samanta, mais prática, acha que eles têm que aceitar a doença, uma eventual escola especial acha ainda que não adianta nada se desesperar. Consternado, o narrador vê seus lindos sonhos como destruídos e enxovalhados, e diante de si, enxerga uma noite de trevas e sem perdão.
        "Que direito têm as pessoas e as coisas de estar da mesma forma se tudo mudou, ao menos para mim?" Com estes pensamentos o narrador começa uma introspecção psicológica na qual questiona a doença da filha, num evidente processo de adaptação à nova realidade. Ele pensa na esposa e em como ela bloqueia a dor, fechando-se num casulo, recebendo o impacto de forma gradativa. Daniel não, em suas palavras: "Suo, tremo, choro!" Exerce suas costumeiras atividades de forma mecânica, impessoal. Chora na rua, na faculdade. Lentamente, começa a voltar ao mundo. A rotina o ajuda, o impele a isso.
        É doloroso quando os irmãos mais velhos começam a perceber a deficiência da menina. Suas perguntas são cruas, diretas:
- Pai, a Mahara é bobinha?
- Ela não pode tomar remédio e sarar?
Os comentários revelam uma ótica infantil ainda, mas já sofrida:
- Ela é tão esquisita...
- Se ela entrar na nossa escola vão gozar da gente.
        Dois anos se passam. O pai preocupa-se ao ver a distância entre o corpo que se desenvolve, e o cérebro que não supre com o devido acompanhamento psicomotor.
        Samanta passou brilhantemente no exame de doutorado, como era esperado. Daniel torna-se uma pessoa triste. Sua alegria murchou, morreu. A filha o adora e o sentimento é recíproco. A ligação entre eles é muito forte, todos o percebem. Ele traz um gatinho para Mahara, Samanta reprova-o. Alega que a menina não tem condições de conviver com o animalzinho. É perigoso para ambos. O pai pede para que ela o deixe em paz. Ele quer expressar seu amor da melhor forma possível. Ele quer que a garota tenha uma vida o mais perto do normal que puder proporcionar.
        Um pensamento o assalta constantemente: "Como será o futuro de sua filha, num mundo tão seletivo, elitista, frio e cruel?".
Mahara faz cinco anos. Escola especial ou escola regular? Pai e mãe discordam. Esta prefere a especial, aquele a regular. A opinião da Dra. Lúcia concorda com a de Samanta, mas Daniel é obstinado, teimoso. Ele acha que numa escola normal, a filha teria mais chances de se desenvolver através do convívio com outras crianças. Samanta acha que ela vai sofrer mais: discriminação. Seria confrontada com o fato de ser diferente de todas as outras estudantes da sua idade.
        Ao comentarem o assunto, pela primeira vez, vê-se uma sombra de terna compreensão no semblante de Samanta. Sua indagação mostra o quanto ela equaciona o problema em busca de soluções:
- Daniel, qual escola aceitará Mahara?
        O pai chega à conclusão que é melhor não pôr a criança na mesma escola dos irmãos. Eles sofreriam um constrangimento injusto e desnecessário.
        Começa sua busca por uma escola estranha, regular, e que aceite a filha. Começa sua jornada em busca do tal lugar. Alguns diretores se mostram delicados, outros objetivos, uns poucos, frios. Porém, todos são unânimes. É melhor que a garota seja matriculada numa escola que tenha estrutura para ajudá-la.
        Encontra uma. Especial. Grande, arejada, piscina, grupo de professores, especialistas e terapeutas competentes. Porém, há um senão. A escola é cara demais. Daniel vai embora, desanimado.
        Aparece, na narrativa, a importante figura da senhora Niedja. É uma jovem psicóloga e dirige uma escola para deficientes no bairro. É perto, é pequena, e Samanta a recomenda como uma solução prática e viável. Daniel surpreende-se com o súbito interesse da esposa e diz que supunha ela não prestar muita atenção ao assunto. Ela diz que estava esperando ele cair na realidade, por mais dolorosa que fosse. Diz, então, crê que numa escola regular, a garota seria discriminada por alunos, pais e até mesmo professores.
        Resolvem-se pela escola da psicóloga Niedja. A escola é perfeita para os fins visados. Não é grande, montada num prédio adaptado e sem luxo. Recebe crianças mais problemáticas ou com menor grau de distúrbio, mas tem professora de educação física, vários assistentes, homens e mulheres, além claro, do pessoal especializado.
        A senhora Niedja especifica a necessidade de estimular Mahara o mais possível e no maior grau de intensidade. A mãe argumenta não ter havido ainda um diagnóstico concludente, o pai enfatiza a docilidade da filha e confessa seu sonho, de que ela freqüentasse uma escola regular. A diretora diz que o entende e que este é o sonho de todos os pais de crianças portadoras de deficiências.
        Um fato que chama a atenção é a lista de material escolar. Pedem–se coisas de fácil obtenção. Copos, escovas de dente, talheres de plástico, com o seguinte detalhe: devem ser de cores variadas, jamais da mesma cor.
        Niedja acha Mahara bonita quando esta chega para o primeiro dia de aula. Ao chegar, a menina não chora. Ela está isenta de desconfiança. Seus olhos azuis profundos olham para o pai com tranqüilidade. Os dias provam o acerto da decisão de pô-la naquela escola. A menina volta para casa, alegre, todos os dias. Vai fazendo progressos no próprio aprendizado. O motivo dos objetos de cores variadas logo é descoberto. Serve para estímulo do raciocínio das crianças e a condiciona a fazer distinção entre os diversos itens de sua vida escolar, já que a criança deficiente tende a distinguir as cores com mais precisão do que as formas.
        Dia-a-dia, tijolo a tijolo, a personalidade da garotinha vai sendo construída. Começa a ir ao banheiro sozinha, amarrar os sapatos, vestir a roupa, tomar banho, comer sem derramar a comida na mesa, usar corretamente os talheres.
        É como se ela estivesse sendo gerada de novo. Agora, está caminhando em direção a uma vida mais plena.
        Uma psicóloga especializada em terapia familiar vem fazer uma palestra no colégio.
        Alexia, a palestrante, é uma mulher de meia-idade, cabelos grisalhos e ar bondoso.
        Ela confessa que também tem um filho deficiente. Confessa também que seu primeiro impulso foi abandoná-lo na soleira de uma porta. O fato de ele não ser perfeita abalou seu mundo dourado.
Os pais, atentos, presentes na sala, começaram a ver-se nas palavras de Alexia. Ela passa a descrever seu sentimento de vergonha ou mesmo sua busca por alguém para transferir aquela culpa. Depois, finalmente relata o processo de aceitação que a levou a sentir-se triste pelos seus antigos sentimentos.
        Repentinamente, a psicóloga abordou o tema da difícil convivência com os irmãos normais. Como foi bom para Daniel saber que ele não estava sozinho nessa espinhosa questão.
        Finalmente, uma das questões que mais preocupava o pai de Mahara foi abordado. O futuro das pessoas portadoras de "dificuldades especiais", ao faltarem os pais, por exemplo.
        Cogitaram-se as ainda incipientes vilas comunitárias e o incentivo para contratar pessoas deficientes. Todos concordaram em que a mentalidade preconceituosa da sociedade precisa mudar.
        O tempo vai passando, Mahara crescendo. Ela espia as crianças brincando e não consegue entender por que não pode participar junto com elas.
        O pai não entende a exclusão, a crueldade, dos que são, por assim dizer, perfeitos, mas negam à filha dele um pouco de compreensão, quiçá de carinho.
        O corpo da menina começa a mudar. Ela já é uma adolescente. O pai planeja uma festa de aniversário, mesmo antevendo os problemas que se apresentarão: os irmãos embaraçados, temerosos de um fiasco perante os colegas. Os convidados tratando a menina com educação, polidez, mas misturadas com piedade, com uma clemência ofensiva.
        Outros tratam-na com estranheza, como se ela fosse um ser de outro planeta, um espécime não catalogado.
        Obviamente, uma minoria compensava tudo isso. Encara a jovenzinha de frente, sem paternalismo ou dó fingida. Com eles, ela reparte uma genuína alegria, a de ser aceita como se é.
        Agora, o pai se preocupa para que ninguém, usando malícia, se aproveite da inocência dela e chegue a abusar da sua espontaneidade e leveza de espírito.
        Um menino de aproximadamente quinze anos confirma seus temores. Ele arriscadamente, dá um isqueiro para a menina acender. A roupa fina de verão oferece iminente risco. Daniel corre e chega a tempo de evitar o pior. Quase agride o rapaz, sendo contido pelo jardineiro. A menina não compreende nada. Ela não tem nenhuma noção do que é perigo, nem do que é sexo, nem de que as pessoas humanas que a podem ferir.
        Mahara aprende a escrever. Torna-se uma pessoa alfabetizada. Seu pai nota um brilho no olhar dela. É produto da alegria de progredir. A mãe, Samanta, recebe um convite: passar um ano como professora residente nos Estados Unidos. Ela diz que não quer ir, apesar de ser a realização de seus mais altos projetos profissionais. Diz que não podendo levar a filha, por causa do choque cultural a que ela seria submetida, prefere renunciar a tudo.
        Daniel procura encontrar um ponto de equilíbrio na questão. Sugere que se a menina fosse poderia até ser bom para ela, por causa da possibilidade de encontrar tratamentos avançados, mas reconhece que seu progresso atual, na escola e socialmente, não pode ser jogado fora.
        A difícil problemática é resolvida com uma sugestão simples do marido. Samanta vai para os Estados Unidos. Sara, a vó paterna, vem morar com eles, e durante um ano cuida da menina. Nas férias, eles irão visitar a mãe de Mahara, nos EUA. Ele ainda sugere que ela leve um dos filhos, para não se sentir excessivamente sozinha. Como André já está na faculdade, e Tiago ainda no colegial, parece uma solução mais viável levar o mais novo.
        O último passo dado antes de sacramentar o acordo é uma consulta à Dra. Lúcia, e às senhoras Niedja e Alexia, como conselheiras experientes.
        Elas unanimemente afirmam ser o vínculo de Mahara mais forte com o pai. Portanto, a mãe recebe sinal verde para partir em busca de sua realização pessoal.
S        ara, chega. Como sempre foi amiga de Samanta, não se nega a ajudá-la, logicamente, também objetivando o bem da netinha.
        Comunicada da decisão da mãe, Mahara procura ansiosa o olhar do pai e lhe pergunta:
- Você fica comigo papai?
Diante da resposta afirmativa, ela se tranqüiliza.
A próxima pergunta, já sem sobressaltos é para a professora:
- Você volta, mamãe?
- Outra resposta positiva. A menina ainda indaga se não poderia ir junto. O pai intervém e argumenta para Mahara que ela está estudando em uma escola da qual gosta muito. Diz da possibilidade de ela vir a não gostar da mudança de país. Finalmente, tranqüiliza-a dizendo que ela terá a companhia de seu irmão André. A menina fica satisfeita e feliz com as providências.
        Com Sara, vem o cãozinho Menino, seu companheiro inseparável.
        A vida ganha outra dinâmica, depois que Samanta parte. Ela era muito ordeira, e todos divertem com as trapalhadas domésticas da vó.
        O pai tenta mostrar no mapa a Mahara onde a mãe dela está. Para a menina, porém, a idéia que a impressiona se reflete na frase:
- O avião é grande.
        Alexia prometera a Samanta visitar a menina. Junto com ela, traz seu filho Roberto, adorável e extremamente carinhoso. Os dois imediatamente se tornam bons amigos.
        A jovem começa a demonstrar amor e cuidado pelo irmão que ficou: André. Ele como estudante de Medicina, acostumado a ver pessoas com os mais diversos tipos de problemas, no começo, mostra-se impessoal e alheio à atenção da irmã.
        Com o tempo, ele passa a demonstrar um carinho especial para com ela.
        Chegam cartas da mãe. Juntos, ela e o pai soletram os enunciados, e consideram uma vitória a leitura de cada missiva.
        Chegam as férias. O pai e a filha embarcam rumo aos Estados Unidos. No aeroporto, aguardando, Samanta e Tiago. Este mais alto, crescido, ela bonita, mais madura, só então, Daniel percebe quanta falta sentiu da esposa. Mahara atira-se nos braços dela.

Parte 2
        A vida segue seu curso. Samanta volta dos Estados Unidos. Ela agora está realizada, feliz. Com a separação temporária amadureceu e tornou-se mais terna.
        Sara, a vó paterna, fixa-se definitivamente na residência da menina. André se forma em Medicina. Alexia continua sendo aquela amiga sólida, acessível. Niedja e a escola, um porto amigo.
        Tiago agora está cursando a faculdade de Direito. Niedja chama os pais para uma conversa definitiva. Sugere que a menina seja matriculada numa escola intermediária regular. Diz que o convívio com jovens normais lhe será benéfico. A escola segue o método montessoriano, esse teve tanto sucesso com alunos excepcionais que foi adotado também para pessoas dita normais.
        A jovenzinha é comunicada da mudança. Sua indecisão inicial é substituída logo por um sentimento de segurança, de confiança. A diretora da nova instituição deixa o pai, a mãe, a aluna à vontade. Mostra habilidade para demonstrar à criança firmeza, carinho e determinação. A separação dos pais, no novo ambiente, para a finalidade de seguir com a vida estudantil, é atenuada. A diretora só pede, na nova situação, paciência e tranqüilidade, fórmula para superar as novas barreiras. Na escola, logicamente, Mahara encontra simpatia e discriminação. Perguntada se gostaria de mudar de escola, a menina é taxativa: Não! Mahara é corajosa.
        A garota descobre Fábio. O colega do irmão, Tiago, se afeiçoa a ela e vice-versa. Preocupação para Daniel. A preocupação aumenta quando ela passa a chamá-lo de namorado. Tiago pede ao pai que contenha a alegria, o apego exagerado da menina em relação ao rapaz. Uma conversa dolorosa se segue. Mahara não consegue entender os limites que sua condição impõe aos seus anseios naturais. Após sua primeira desilusão amorosa ela entra em depressão.
        É necessária nova consulta com Alexia, o quadro está se agravando, e a psicóloga poderá ajudar com terapia apropriada. O diagnóstico feito pela profissional é exato: perda de identidade, quebra de vínculo com a realidade, para evitar sofrimento.
        Aos poucos, lentamente, ela volta à realidade. O pai passa a vê-la como uma avezinha. Frágil e indefesa. Preocupa-se com o seu futuro. Gostaria que de alguma maneira ela se tornasse independente. Sonha com uma comunidade onde pessoas como ela, a aceitem e ajudem. No entanto, por enquanto, isso é apenas sonho. Conforma-se, com a idéia de que o futuro a Deus pertence. Outro fato que ele passa a perceber é o de que com a convivência entre os dois, ele cresceu como ser humano. Descobriu uma nova profundidade na palavra amor. Passou a valorizar mais o dom da vida.
"Na verdade, eu gostaria de ser um rio... Ancestral, correndo livre por terras distantes... E como um rio eu veria muitas coisas e imaginaria outras e teria talvez a resposta para minhas sofridas perguntas... Porque, à minha espera, haveria – com certeza – o profundo mar azul: os olhos de Mahara!".

Casos de bullying em escolas preocupam pais e educadores


As mudanças de comportamento de *Renata, de 13 anos, vieram sutilmente. Considerada boa aluna, a adolescente começou a apresentar queda significativa no rendimento escolar. Depois disso, vieram as constantes tentativas de não ir às aulas, sempre alegando dores de cabeça, de barriga ou febres imaginárias.
Mas a mãe da menina só desconfiou que alguma coisa realmente ia mal na escola quando Renata teve uma crise de choro e pediu para sair do colégio. O motivo? A constante implicância de alguns colegas, que colocavam apelidos, faziam brincadeiras maldosas e até mesmo ameaçavam fisicamente a aluna, características conhecidas, hoje, como bullying.
"No início achei que o motivo das notas baixas era o namoradinho que ela arrumou aqui no condomínio", afirma *Marise, mãe de Renata, que pediu para que a verdadeira identidade de ambas não fosse revelada. "Mas quando ela começou a não querer frequentar as aulas, percebi que o problema era na escola. Cheguei a conversar com os professores, que disseram que não havia nada de errado com ela. Somente quando minha filha teve uma crise de choro e me contou o que estava acontecendo é que resolvi tirá-la do colégio e procurei um psicólogo. Infelizmente, a escola não estava preparada para ajudar minha filha".
Infelizmente, segundo especialistas, o que aconteceu com Renata é mais comum do que se imagina. O fenômeno conhecido como bullying, palavra inglesa utilizada para denominar ações de violência - física ou psicológica - de um indivíduo ou grupo de indivíduos e que tem como objetivo humilhar outra pessoa. De acordo com o psicólogo José Antonio Martins, a ocorrência de bullying nas escolas públicas e privadas sempre aconteceu, mas só vem ganhando notoriedade de alguns anos para cá, muito por conta de uma intensa campanha, principalmente através da mídia, alertando para os perigos de tais atitudes violentas.
"O bullying pode se manifestar de diversas maneiras, por isso é tão difícil detectar. Apelidos maldosos que ressaltam alguma imperfeição da vítima, exclusão do grupo, xingamentos, ameaças veladas e até mesmo agressões físicas são as principais características. Mas como separar um apelido jocoso de um comportamento que evidencie o bullying? Cabe à escola e à família trabalharem em conjunto para evitarem situações extremas", ressalta Martins.
Pesquisa realizada pela Organização Não Governamental Plan Brasil em 2010, com 5.168 alunos de todo o país revelou que quanto mais frequentes os atos repetitivos de maus tratos contra um determinado aluno, mais tempo dura essa violência. A constatação demonstra que a repetição das ações de bullying fortalece os agressores e reduz as possibilidades de defesa das vítimas. Este resultado indica ser essencial uma rápida identificação destas ações e imediata reação para conter este tipo de atitude.
Ainda segundo a pesquisa, o bullying é mais comum nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, e a incidência maior está entre adolescentes na faixa de 11 a 15 anos de idade, que frequentam a sexta série do ensino fundamental. Os agressores geralmente cometem os maus tratos para obter popularidade entre os colegas, para serem aceitos ou simplesmente se sentirem poderosos. No caso das vítimas, estas costumam apresentar algum traço característico marcante (obesidade, baixa estatura), algum tipo de necessidade especial ou o uso de roupas consideradas diferentes pela maioria dos colegas.
"Os jovens tímidos, com dificuldades para se expressar, são alvos em potencial. Os primeiros sinais apresentados geralmente são a queda no rendimento escolar e o medo de frequentar a escola", explica José Antonio. "O problema é que a maioria das escolas não está preparada para reconhecer essa prática, já que a linha que separa o bullying da brincadeira é muito subjetiva".
Para auxiliar pais e educadores a reconhecerem - e evitarem - o bullying, a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia) desenvolveu um Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes, com diversos conselhos, entre eles o de estimular os estudantes a fazerem pesquisas sobre o tema, fazer com que os estudantes criem regras de disciplina que evitem a prática de bullying, além de interferir, quando necessário, em grupos de alunos que apresentem características de estarem cometendo maus tratos.
A pedagoga Aline Feijó faz questão de ressaltar que os estudantes que praticam o bullying também precisam de cuidados especiais, já que muitas vezes esse comportamento é fruto de problemas mais profundos, como desequilíbrio emocional e desajustes familiares. A cooperação da família, nestes casos, é fundamental para que agressores e vítimas não façam mais parte deste quadro de violência.